Top 10 “Pequenas Vitórias Dentro de um Estado Depressivo”

Acredito que a expressão “apesar de” combina muito comigo nesse momento. Encontro-me em uma fase depressiva da vida, com direito a dramas, anti-depressivos, terapia e, quiçá, algum porre no meio disso tudo. É tudo meio Amy Winehouse, I know, mas sem aquele exagero todo e as “dorgas”. Passados os primeiros sufocos, posso dizer que tenho vivido através de pequenas vitórias cotidianas, que aos outros soam como baboseira mimimi de quem não tem mais o que fazer. Pois é, eu realmente não tenho mais o que fazer. Por isso – e por vários outros motivos – entrei em depressão.

Como já faz alguns anos que não escrevo um “top 10” e não ando muito inspirada esses dias, decidi listar para vocês o que, na minha vidinha, têm sido exatamente essas vitórias que andam me permitindo, com o perdão do trocadilho, me fazer caminhar.

10 – A pílula da felicidade: concordo totalmente com Lolla quando ela diz que as pessoas, hoje em dia, não são obrigadas a serem infelizes. Realmente, o advento dos anti-depressivos, anti-ansiolíticos e anti-seilámaisoquê deu a oportunidade de colorir o mundo de muitas pessoas que antes o viam naquela sem graça escala de cinza. Não sou a favor da dependência desses remédios mas, se a pessoa não dá conta sozinha, pode muito bem fazer uso desse artifício.

Porém, o anti-depressivo em si nem é a vitória para mim, mas toda uma mudança na visão de mundo. Aceitar que preciso de um remédio quando ando tomando um cossa da vida do meu infeliz cérebro é uma vitória.

9 – Conseguir espairecer – Enquanto antes eu não conseguia tirar ideias fixas da cabeça, hoje consigo, com algumas atividades, me distrair como uma pessoa comum. Parece fácil, mas exige um esforço enorme. Dependendo da atividade ainda não consigo relaxar e, no final, estou totalmente ansiosa e frustrada (Haha! Agora eu sei de onde meu cachorro tirou sua ansiedade)… Mas será que apenas tentar conta?

8 – Tentar parar de planejar o futuro – Tudo bem, também ainda é apenas uma tentativa. Enquanto estou aqui, minha cabeça já está planejando o que estarei fazendo daqui 8 anos… E ela não aceita nada menos do que o esperado, o que pode ser very frustrante, às vezes. Assim, começo a tentar puxar o freio desse cérebro que sempre viveu a muitos quilômetros por hora, mesmo que no início tudo seja bem sutil.

7 – Eu ainda tenho certa vaidade – Não me joguei TOTALMENTE às traças. Só um bocado, rs. Ainda possuo certas vaidades básicas, que podem aumentar em virtude de algum acontecimento. Em outras palavras: não vou sair de pijamas por aí como se vê nesses filmes de comédia romântica. Até porque, nesse momento minha vida não é nem comédia nem romance… Está mais para um filme noir ou francês daqueles beeem depressivos em que você sai do cinema sem entender direito porque foi assistir e o que aconteceu. Só quer chegar em casa e ficar debaixo das cobertas, alternando entre dormir e beber por um tempo.

6 – Descobri que posso repensar minhas prioridades – Ainda estou me acostumando com essa possibilidade, apesar dela ser tentadora. Descobri que, ao formar e não conseguir um emprego de cara, meu mundo não necessariamente acabou. Existem outras vidas após esse período obscuro! Posso simplesmente ser o que quiser! Se quiser fazer outro curso, voilá! Fazer uma pós, aqui estou tentando… Tentar um mestrado quase impossível, vamos lá! Mudar de ramo e dar aula para crianças, quem me impede, a não ser eu mesma?

5 – Consegui iniciar meus trabalhos da pós-graduação – Isso sim, eu chamo de vitória! Depois de quase dois meses com uma sensação persistente de impotência, incompetência e “otras cositas más” consegui iniciar meus trabalhos. Oito no total… Agora faltam apenas 6!

4 – Cada ida ao Yôga é um suspiro na semana – Ainda não voltei a dançar, mas alguns exercícios de yôga são parte dos alongamentos que eu fazia quando fiz dança.  E o yôga tem sido um suspiro profundo, realmente! Poder parar de pensar um pouco, sair desse ciclo, me dedicar exclusivamente àqueles exercícios e à concentração durante uma hora… É perfeito.

3 – Aceitar que preciso de tratamento – Sempre soube que era diferente. Mas sempre achei que, no fundo, o slogan “ser diferente é normal” estava certo. Só que eu estava errada. Não preciso aceitar tratamento para ser como os outros, mas preciso aceitar que existem uma série de coisas em mim que eu mesma desconheço, que eu mesma não sei porque ocorrem… É isso que me faz ser diferente; saber das peculiaridades e querer saber a razão disso. O tratamento é apenas uma forma de chegar perto de uma explicação.

2 – Conseguir levantar da cama todos os dias – O mais difícil e mecânico de todos os atos. Não penso, simplesmente faço, porque se fico na cama mais de 5 minutos acordada, não vou querer levantar. Às vezes é preciso simplesmente não pensar tanto e apenas agir para que as coisas funcionem.

1 – Receber ajuda profissional – De todas as coisas, essa sempre foi contra a qual mais lutei. Penso até que o slogan “faça o que eu digo mas não o que eu faço” caberia bem, uma vez que sempre indiquei terapia para os outros como um ótimo meio de resolver problemas. Mas nunca me vi fazendo ou, mesmo quando fiz, há muitos anos atrás, não estava preparada para realmente me lançar em um processo de auto-conhecimento como estou nesse momento. As sessões foram poucas, ainda não posso avaliar com exatidão e, na verdade, ainda estou em dúvida com relação ao “tipo de tratamento” (não sei o termo correto) que quero seguir (estou muito tentada à análise), mas aceito o início da terapia em si como uma vitória. Grande, por sinal.

Zero – Não mandar o mundo à merda – Porque, quando você está nessa situação já nada favorável, ninguém adota a postura mais acertada: ouvir. Todo mundo tem um remédio, conselho, dica, receita infalível que algum conhecido passou pela “mesma” situação e conseguiu sair dessa de cabeça erguida. Além de depressão ainda tem que exercitar uma paciência de Jó (que geralmente não existe, mas a inércia está aí pra isso) em nome da boa convivência. Duas coisas:

1ª) Não, não é a mesma coisa. Nunca é. Falar pelos cotovelos na cabeça de uma pessoa depressiva nada mais é que encher o saco dela. Seus zilhões de palavras, assim como os zilhões de palavras que outras pessoas despejaram no ouvido dela não resolverão milagrosamente os problemas…

2ª) Quem perguntou alguma coisa?

No mais, boa noite.

Julie & Julia

Hoje assisti ao filme Julie & Julia, do qual eu já tinha ouvido falar bem tempos atrás, mas nunca tive realmente ânimo para ver. Foi uma surpresa e tanto ver duas histórias reais tratadas com tanta leveza e sensibilidade. Um alívio em dias tão sombrios.

Inegável deixar de comparar as crises que Julie tem com relação a seu blog e a pessoa que vos fala. Já me ressenti profundamente de não conseguir escrever, e isso contribuía apenas para aumentar o famoso “bloqueio”, assim como já cansei de me perguntar quem é que lê tudo isso que joguei no espaço…?

Reinventei várias razões para continuar e a principal é que não consigo falar o que penso, como exemplificado a seguir:

“O que eu penso: -Ah! Isso não vai dar certo por conta de uma série de razões: a, b, c, d…”

“O que eu escrevo: -Eu não acredito que isso realmente vá a algum lugar, porque existem tais e tais obstáculos para que consigamos atingir tal objetivo.”

“O que eu falo: Bom, não sei, mas… Talvez, assim, hipoteticamente, não dê tão certo. Não sei bem o porquê, só uma intuição mesmo…”

Daí, nenhuma novidade que o blog é meu terapeuta, pois desabafo aqui tudo o que sinto, penso e desejo. Por isso o ressentimento quando falta inspiração. Me cobro algo que é natural, tem um tempo para acontecer, certo? Não sei…

Julie encontrou uma bela maneira de manter sua página, ao mesmo tempo, interessante e atualizada: propôs a si mesma um objetivo e uma meta para alcançá-lo. Tudo muito limpo e muito justo. Ao contrário desta pequena bagunça, rs.

Já pensei em alterar o que chamam de “linha editorial” do blog: falar apenas sobre um assunto e pronto. Mas o problema é minha inconstância; sei que em algum ponto vou jogar tudo para o alto com a minha velha desculpa: “virou rotina”. Fora que, provavelmente, acabaria criando outro blog para despejar minhas asneiras pessoais. Complicado. Só sei que, após assistir esse filme, minha cabeça ficou procurando uma solução para esse enigma, isso ficou. Se é algo para agora? Não, não estou preocupada com isso. Tenho bastantes coisas para ocupar a mente no momento.

Por fim, o problema principal: os leitores. Quem vem até aqui? Como chegam? Sei que a maioria são amigos que são indicados por amigos e assim por diante. Mas e aqueles que não são indicados… Gostam do que lêem? Talvez eu não tenha leitores e pronto. Ou talvez eles sejam simplesmente tímidos e calados como eu quando conheço alguém novo.

Quanto Vive Um Blog?

Confesso que fiquei bastante tempo sem pisar nos domínios do WordPress, dava preguicinha. Voltar ou não era uma dúvida que nunca me assolou, até porque vidas nunca dependeram disso, mas que volta e meia levantava minha sobrancelha direita e fazia tremer minhas mãozinhas inquietas. E não, não sou viciada em drogas ilicítas, obrigada pela atenção, era apenas a pura vontade de escrever – sem gelo ou limão – ;) .

No dia em que decidi ceder aos desejos de escrever como não fazia há algum tempo, resolvi também me dedicar a outra atividade tão enferrujada quanto: visitar meus blogs favoritos. (À você, querido leitor desavisado, são aqueles listados do lado direito do blog, thanks!) Quase morri de surpresa, quando de repente não mais que de repente, vejo que um deles foi deletado. Simples assim.

Um parêntese: (Engraçado é ver a relação das coisas: falei no post anterior justamente a respeito da facilidade de se escrever, atualmente, com o auxílio da teclinha “Delete”, pois ela deixa quase instantaneamente limpo seu texto, mas esqueci do outro lado da moeda: também apaga tudo. Inclusive, tem o poder de apagar um blog inteiro, como foi o caso.)

Lógico que não era um blog como o meu, anônimo pobre coitado quase desconhecido, aliás, bem pelo contrário. Tinha mesmo um toque característico, que, dãh… como a maioria dos blogs de sucesso, fazia com que o leitor se aproximasse da autora, além do próprio fator “sucesso gerar sucesso”, criando promoções e os famosos posts publieditoriais.

Confesso que fiquei chocada com a atitude de se apagar um blog. Encerrar, parar de escrever, ok, tudo bem, todo o direito do mundo. Mas deletar é (poupem os exageros) privar o mundo daquilo que você produziu, ao mesmo tempo em que você mesmo nega sua própria produção… It’s just sad. Blogs são únicos, não há como plagiar. Por mais que pessoas tenham ideias parecidas, postem coisas parecidas, as palavras saírão diferentes. Deletar um blog original é como queimar um livro, você viu, mas ninguém nunca mais ver ou saber aquilo que esteve lá.

Sei que é uma opinião extremista, mas este pequenino fato me atingiu bastante, rs. E vocês, o que acham?