Eu e meus aniversários… Essa, com certeza, nunca foi uma relação fácil. Com o passar do tempo, fiquei cada vez mais frustrada com a possibilidade de comemorar a data. O problema é que eles ficaram frustrantes a cada ano. E, olhe só, meu problema nem é envelhecer, pelo contrário. Volta e meia consigo me imaginar velhinha, no meu sítio sabedeosláonde, compartilhando com meus netos algumas “coisas da vida”, ou momentos por si só. É algo tão bonito de se “visualizar” que não sinto medo de chegar lá. Meu pavor é, ao contrário, não conseguir atravessar todo o caminho.
A grande questão é a expectativa. Sempre acreditei que aniversário é um dia especial, recheado de surpresas: quem vai lembrar, o que vou ganhar, dos abraços que irei receber… Inclusive, era defensora de um possível feriado para a pessoa, onde ela poderia escolher o que quiser; desde o prato principal até viajar para algum lugar que sempre teve vontade.
Óbvio, eu era criança. Mas, de qualquer maneira, a expectativa do meu aniversário continuou comigo ao longo da vida, ao contrário do Natal e da Páscoa, por exemplo. Enfim, fato é que meu aniversário já passou – para quem sabe ou não. E foi, posso dizer, o melhor que já tive, desde que me entendo por gente. Não ganhei nada demais, exceto o carinho e a atenção daqueles que me querem bem – estejam perto ou longe. A começar pelo café da manhã, que tomei na casa da mamãe, com ela, minha irmã e meu padrasto… Pessoas inestimáveis em minha vida, que não tenho como descrever o amor que sinto, apesar dos desentendimentos, rs.
Ao chegar na capital mineira, encontro e almoço com “Rock Bands” (alcunha carinhosa dada pelos meus amigos ao respectivo)… Talvez eu não precisasse de nada mais para um aniversário tão bom além daquele olhar e daquele abraço, mas ele ainda fez questão de aparecer todo arrumadinho na bebemoração, que aconteceu mais à noite. Na “Republication”, o carinho das meninas: abraços, cartinhas e presentes que me lembram o valor de uma amizade cultivada e verdadeira.
Fora os telefonemas, as mensagens, os scraps no Orkut e, até mesmo, o cartão-postal de Paris… Todos recebidos com um gosto mais que especial.
Apesar dos percalços de um trabalho para a faculdade feito “nas coxa”, a noite seria maravilhosa. Reuni alguns amigos na Cantina do Lucas, um lugar simplesmente perfeito, para bebemorar a data. Há anos eu não comemorava meu aniversário tão em paz, tão feliz por simplesmente estar ali com as pessoas.
Infelizmente, hoje em dia é mais comum ensinar a seus filhos que não se deve ir brincar com os amigos e deixar as visitas de lado. Até hoje minha mãe ainda tenta enfiar isso na minha cabeça dura. Mas, teimosa que sou, descobri que prefiro muito mais estar com as pessoas que amo. Bom, quanto a quem vai em reuniõezinhas apenas para “socializar”, espero que socialize bem, com o sorriso falso e a bebida na mão, mas bem longe de mim!
Aniversários sempre foram pra mim mais que apenas comemorações de outro ano de envelhecimento. São a comemoração de mais um ano de vida, de conquistas que serão levadas ao longo de toda a caminhada, de perdas e fracassos que, com o passar do tempo, serão vistos como aprendizados – importantes, por sinal -, enfim, de estar, durante mais um ano, com aqueles que amamos.
Eu gosto de aconchego, de amor e de me sentir em casa. Seja em datas comemorativas ou não. Por mim, todo dia seria como nos aniversários: o mesmo bom sentimento nos cumprimentos, os desejos sinceros nas palavras, as gentilezas verdadeiras nas ações. O amor em volta de todos, tornando cada dia tão especial quanto este foi para mim.